Análise de crédito agrícola nas regiões Norte e Noroeste Fluminense
Uma nova discussão ganha força a partir dos municípios produtores de petróleo na região Norte Fluminense. A argumentação sobre a necessidade de pensar a economia regional para o período pós petróleo, indica as atividades agropecuárias como alternativas potenciais. Vejo com otimismo tais iniciativas, entretanto me preocupa a ausência de diagnósticos mais robustos sobre essas atividades.
É nesse contexto que trago uma primeira análise sobre o perfil dos municípios das regiões Norte e Noroeste fluminense, considerando o indicador de crédito agropecuário em agosto de 2017.
O gráfico acima mostra a participação percentual dos municípios da região Norte Fluminense na captação de crédito para o setor agrícola (custeio e investimento) no crédito total. Podemos observar que o único município da região com uma participação mais relevante é São Francisco de Itabapoana com 22,54% indicando que a atividade apresenta uma certa dinâmica. A sua condição de agricultura mais diversificada do estado é compatível com os indicadores de crédito. O município apresentou um saldo absoluto de crédito agrícola de R$28,3 milhões em agosto, ficando somente abaixo de Campos com um saldo de R$89,2 milhões.
Já a região Noroeste Fluminense, apresentou um quadro muito diferente da região Norte. Na ausência de petróleo e grandes projetos exógenos, a região precisa trabalhar o setor e o resultado aparece com indicadores bem mais substanciais que os da região Norte. Vejam no gráfico que a média de crédito agrícola de 16,44% na região Noroeste equivale a aproximadamente 5 vezes mais a média de 3,12% da região Norte. Na região Noroeste, cinco municípios apresentaram percentual de participação de credito agrícola, sobre o credito total, acima do município líder da região Norte. Porciúncula teve participação de 28,39%; Italva 33,08%; Varre Sai 42,51%; Cambuci 63,50% e São José de Ubá 61,25%. Conforme podemos observar a região Noroeste Fluminense apresenta uma característica mais marcante da atividade, vista através do indicador de crédito. Importante ainda observar que apesar de citado o setor agropecuário, o indicador de crédito concentra só o setor agrícola, pois a pecuária não apresentou saldo de crédito nas regiões no mês estudado.
Apesar do crédito ser importante no diagnóstico, não é suficiente para garantir alto padrão de produtividade, em função de precariedades como o tamanho médio das propriedades, baixo padrão tecnológico, operação com base na individualidade, ausência do poder público e gestão inadequada dos negócios.
Concluo que indicar o setor como alternativa para o período pós petróleo não é suficiente. É preciso dizer como o setor vai operar para se constituir na alternativa de formação de emprego, geração de renda e riqueza no território.