Royalties em
Queda e a Crise da ANP: Um Alerta ao Brasil Energético
“Os repasses de royalties aos municípios
produtores sofreram variações discretas em relação ao mês anterior. Em maio, o
Brasil alcançou uma produção média de 3,679 milhões de barris de petróleo por
dia — crescimento de 1,3% frente a abril e de 10,9% na comparação com o mesmo
mês do ano passado. No entanto, o preço médio praticado em maio não foi
suficiente para impulsionar os repasses de forma uniforme.
Municípios
beneficiados pela produção do pré-sal na Bacia de Santos registraram leve
queda, impactados pela redução na produção do campo de Búzios. Em
contrapartida, no Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes e Quissamã
apresentaram aumento nos repasses, impulsionados pela maior produção nos campos
de Espadarte e Tartaruga Verde. No caso específico de Quissamã, não descarto a
possibilidade de que a alta observada também esteja relacionada a um reflexo de
decisão judicial recente — hipótese que ainda será devidamente averiguada.
Em São João
da Barra, a retração se deve à diminuição pontual da produção no campo de
Roncador, que passa por paradas técnicas para conexão de novos poços e
manutenções estratégicas. Roncador é um campo de elevada complexidade, operado
por quatro plataformas distribuídas por módulos, e sua recuperação plena está
associada ao aumento da eficiência e do fator de recuperação.
Faço aqui um
alerta urgente à sociedade e às autoridades: a Agência Nacional do Petróleo
(ANP), responsável por regular mais de 90% das exportações energéticas
brasileiras e garantir bilhões em arrecadação pública, atravessa uma crise sem
precedentes. A ANP é, hoje, a mais estratégica das agências reguladoras — e
está sendo enfraquecida por restrições orçamentárias incompreensíveis.
Basta
lembrar que, só neste ano, o governo federal liberou R$ 20,7 bilhões em recursos,
sendo R$ 17,9 bilhões provenientes de leilões do pré-sal — organizados,
fiscalizados e viabilizados pela própria ANP. É inadmissível que essa agência
esteja operando de forma remota, com sede fechada três dias por semana por
falta de verba.
Essa paralisia
compromete leilões, fiscalizações, contratos, novos investimentos e, sobretudo,
a arrecadação de estados e municípios. E afeta diretamente o consumidor, que já
sofre com a instabilidade dos preços nos postos.
São João da
Barra já enviou manifestações oficiais a todos os parlamentares federais,
ministérios e à Casa Civil. Seguiremos vigilantes. O Brasil precisa valorizar
sua inteligência institucional.
Por fim,
reforço nossa preocupação com o cenário internacional. As recentes tensões
tributárias entre Estados Unidos e Brasil não ajudam a ninguém. Criam um
ambiente tóxico e incerto para o mercado global de energia. O petróleo segue
oscilando, refletindo uma queda de braço entre a geopolítica da OPEP+ e os
interesses unilaterais do presidente americano. A transição energética exige
estabilidade, não bravatas.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário