domingo, 26 de janeiro de 2025

Contribuição ao debate na postagem do amigo Luiz Cândido Tinoco em sua página no Facebook: 'Ele ganhou, mas não levou'

 

Bom dia, amigo Luiz Cândido.

Parabéns pela matéria, que resgata um momento histórico da política eleitoral municipal de Campos. No entanto, como neto do saudoso José Alves de Azevedo, gostaria de discordar de um pequeno detalhe quando você menciona que as regras do processo eleitoral da época eram claras. Naquele período, vivíamos sob o regime militar, e na eleição de 1966 ainda não existia a figura da sublegenda. O candidato eleito seria aquele que recebesse o maior número de votos individuais.

Em 1966, o candidato mais votado foi o meu avô, que concorria a prefeito pelo MDB, partido que fazia oposição ao regime militar após a instauração do bipartidarismo pelo golpe de 1964. Os candidatos apoiados pela ARENA, partido dos militares, receberam menos votos. Apesar disso, meu avô, assim como outros candidatos do MDB em várias cidades do Brasil, foi derrotado não nas urnas, mas por uma manobra do regime. Inconformados com o resultado, os militares criaram, uma semana após as eleições, a figura da sublegenda, determinando que a Justiça Eleitoral somasse os votos de todos os candidatos de um mesmo partido. Essa mudança beneficiou a ARENA e resultou na perda do terceiro mandato que o povo de Campos havia conferido ao meu avô.

Lembro, inclusive, de uma história contada por Veloso Leão Higino, presidente da Federação de Estudantes de Campos em 1966. Ele relatou que, após a missa celebrada na Catedral do Santíssimo Salvador em comemoração à vitória de José Alves, alertou meu avô sobre a articulação dos militares para introduzir as sublegendas. Inicialmente, ele não acreditou, mas a confirmação da mudança causou-lhe uma profunda frustração e o afastou da vida pública até 1976, quando decidiu retornar ao MDB.

Nessa ocasião, ele enfrentou novamente uma disputa desigual. Mesmo sendo o mais votado dentro do MDB, enfrentou a poderosa máquina política da prefeitura, liderada por Zezé Barbosa e o Deputado Federal Alair Ferreira com todo seu poder econômico, que apoiavam Raul Linhares e Rockefeller de Lima, candidatos da ARENA. No final, a vitória foi alcançada por Raul Linhares, apoiado por essa estrutura.

Espero ter contribuído para enriquecer a discussão. Caso tenha esquecido algum detalhe, peço desculpas. Desejo-lhe um excelente domingo e mando um abraço para toda a sua família, que é tão querida.

 

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