quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Seminário da UFF – 14 de Outubro de 2024: Perspectivas sobre Teoria da Dependência

 

No artigo intitulado A Teoria da Dependência nas Perspectivas de Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso e Ruy Mauro Marini, dos autores Silvio A. F. Cario, Márcio G. Gomes e Eduardo S. Sigaúque, apresentado no Seminário da Universidade Federal Fluminense (UFF) em 14/10/2024 pelo meu grupo, fiquei responsável pela parte da exposição sobre Celso Furtado. A seguir, fiz um pequeno resumo da minha apresentação.

Em sua vasta obra, Furtado teve como desafio desvendar os motivos que causavam o subdesenvolvimento econômico no Brasil. Durante sua vida, ele se preocupou com questões como a desigualdade social, a heterogeneidade econômica estrutural e a submissão à ordem econômica mundial.

Para facilitar o entendimento, destaco algumas de suas citações:

  • 'Para compreender o processo de desenvolvimento, é indispensável identificar os agentes responsáveis pelas decisões estratégicas e reconhecer os fatores estruturais que condicionam a propagação dos efeitos de tais decisões' (FURTADO, 1983, p. 81).
  • 'Nesse curso, o desenvolvimento gera seu contrário, o subdesenvolvimento, sendo considerado não como uma fase ou etapa, mas decorrente do próprio processo de transformação' (FURTADO, 1980).

Furtado também faz observações sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, afirmando que o subdesenvolvimento gera uma deformação estrutural onde um segmento da sociedade, do ponto de vista econômico e social, domina outro, impedindo-o de acessar os frutos do desenvolvimento. Ele também recorre ao contexto histórico, desde 1700, para explicar as mutações econômicas ocorridas no mundo, destacando as fases de desorganização econômica e difusão industrial nas economias pré-capitalistas.

No que diz respeito ao caso do Brasil, Furtado afirma que houve um desenvolvimento capitalista híbrido. Alguns setores da economia, vinculados ao comércio exterior, ofereciam boa remuneração aos trabalhadores, e os lucros da economia cafeeira permitiram, no curto e médio prazo, a expansão da base industrial doméstica, gerando o ciclo de substituição de importações, conhecido na história econômica brasileira.

Para quem não sabe, o Brasil tinha uma economia agrária e exportadora, e, com as rendas obtidas dessa economia, importávamos bens industriais. A partir do Programa de Substituição de Importações, essa conjuntura foi mitigada, e passamos para uma fase de industrialização da economia local.

Com isso, Furtado afirma que o Brasil optou por um desenvolvimento econômico baseado no modelo externo, importando tecnologias dos países centrais, modernizando a base produtiva, mas gerando uma forte heterogeneidade social. Essa modernização excluiu uma grande parte da população, deixando-a sem acesso à alimentação e aos bens e serviços básicos, como educação, saúde e moradia, essenciais para uma vida digna. Na verdade, o modelo econômico exógeno, escolhido pelas elites agrárias nacionais, concentrava renda em uma minoria, em detrimento da maioria da população.

Furtado conclui que o desenvolvimento capitalista do Brasil ocorreu de forma dependente da tecnologia e da cultura dos países centrais, relegando a economia brasileira a uma condição periférica e de subdesenvolvimento em relação às economias desenvolvidas.

 


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