O COPOM
decidiu ontem elevar a taxa de juros Selic em um ponto percentual, passando dos
atuais 11,25% para 12,25%. Essa decisão confirmou as expectativas do mercado
financeiro, que é o principal beneficiado por essa taxa de juros astronômica.
Tal cenário é extremamente preocupante.
O impacto da
elevação dos juros é devastador para a economia brasileira, que vinha se
recuperando de forma consistente. Com essa medida, quem perde são os grandes,
médios, pequenos e microempreendedores, da economia produtiva, enquanto os
grandes vencedores são os especuladores financeiros, especialmente os
banqueiros que dominam a Avenida Faria Lima, em São Paulo. Isso ocorre porque o
crédito que financia a produção e o consumo se torna, a partir de agora,
praticamente inviável. Mais uma vez, o Brasil fortalece o "cassino
financeiro" da especulação.
O COPOM
justificou a alta dos juros alegando que o governo federal não está cumprindo
as expectativas do mercado em relação ao ajuste fiscal. O que não é verdade.
Além disso, os conselheiros mencionaram que a inflação está se aproximando do
teto superior da meta estipulada pelo Banco Central. Este é um argumento
técnico pertinente, porém, a dosagem do remédio pode matar o paciente.
É importante
esclarecer que o governo federal tem, sim, buscado implementar um ajuste
fiscal. Uma proposta enviada ao Congresso Nacional previa isentar do imposto de
renda trabalhadores que ganham até R$ 5.000,00, com a compensação sendo feita
por meio da tributação dos super-ricos, aqueles que ganham acima de R$
50.000,00 mensais ou R$ 600.000,00 anuais. Sim, é isso mesmo: no Brasil,
existem super-ricos! Então, essa proposta foi rejeitada pelos parlamentares.
Ainda pior, os deputados e senadores condicionaram a aprovação de outras
medidas do pacote fiscal à liberação de mais emendas parlamentares para atender
suas bases eleitorais, em detrimento do interesse do povo brasileiro.
Por fim,
vejamos os números exorbitantes resultantes do aumento da taxa Selic. Esse
acréscimo de um ponto percentual gerará um impacto de mais de R$ 50 bilhões nas
contas públicas. Além disso, apenas com o serviço da dívida pública, ou seja,
os juros, o governo federal pagará mais de R$ 800 bilhões neste ano aos bancos
nacionais. Esse cenário é insustentável. Como é possível falar em ajuste fiscal
enquanto a dívida pública continua sendo onerada de forma tão expressiva?
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