quinta-feira, 20 de março de 2025

Selic sobe para 14,25% em 2025 em meio à inflação e pressões do mercado

 

No comparativo entre janeiro e março de 2024 em relação ao mesmo período de 2025, observa-se que, no primeiro trimestre de 2024, a taxa Selic estava em um patamar inferior ao do primeiro trimestre de 2025. De acordo com a última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, realizada ontem, a taxa foi elevada para 14,25% ao ano.

Essa conjuntura demonstra claramente a piora do cenário econômico brasileiro, especialmente no que se refere ao crescimento da inflação. Apesar de o PIB do ano passado ter superado a marca de 3% ao ano, a alta dos preços foi impulsionada principalmente pela inflação dos alimentos,  fator que tanto aflige as famílias brasileiras e tem contribuído para a queda da popularidade do Presidente da República. Diante desse contexto, os diretores da autoridade monetária do país foram obrigados a majorar novamente a taxa básica de juros, na tentativa de conter a espiral inflacionária e trazê-la de volta à meta estabelecida pelo Banco Central.

Outro ponto de grande preocupação, sobretudo para o mercado financeiro, é o equilíbrio das contas públicas. Vale lembrar que, no ano passado, o governo conseguiu encerrar o período dentro da meta fiscal, fato que parece ter sido convenientemente ignorado pelo “Deus mercado”. Se o mercado deseja um ajuste fiscal, concordo que ele deve ser buscado, mas não à custa do corte de programas sociais que garantem o sustento de milhões de famílias pobres em todo o país. Ainda que esse discurso seja frequentemente disfarçado, a realidade é clara: querem exigir, mais uma vez, sacrifícios dos mais vulneráveis enquanto preservam seus próprios privilégios.

No entanto, há sim alternativas para o ajuste fiscal que raramente são cogitadas. Um exemplo seria a redução de um percentual dos subsídios e das renúncias fiscais concedidas a diversos setores empresariais do Brasil, que, somente neste ano, alcançarão a impressionante cifra de R$ 600 bilhões. Essa medida poderia gerar caixa suficiente para equilibrar as contas públicas sem penalizar a população mais carente. Mas será que alguém da Avenida Faria Lima em São Paulo estaria disposto a enfrentar essa briga? É sempre mais fácil cortar do que já é pouco para os pobres, não é mesmo?

Por fim, é inegável que a inflação precisa ser combatida. Ela funciona como um imposto perverso sobre o orçamento das famílias brasileiras, especialmente as de menor poder aquisitivo. Existe uma solução? Sim, e, no curto prazo, uma delas já está a caminho: a supersafra de alimentos prevista para este ano, que certamente contribuirá para reduzir a pressão inflacionária e melhorar o cenário econômico.

 

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