No comparativo entre
janeiro e março de 2024 em relação ao mesmo período de 2025, observa-se que, no
primeiro trimestre de 2024, a taxa Selic estava em um patamar inferior ao do
primeiro trimestre de 2025. De acordo com a última reunião do Comitê de Política
Monetária (COPOM) do Banco Central, realizada ontem, a taxa foi elevada para
14,25% ao ano.
Essa
conjuntura demonstra claramente a piora do cenário econômico brasileiro,
especialmente no que se refere ao crescimento da inflação. Apesar de o PIB do
ano passado ter superado a marca de 3% ao ano, a alta dos preços foi
impulsionada principalmente pela inflação dos alimentos, fator que tanto
aflige as famílias brasileiras e tem contribuído para a queda da popularidade
do Presidente da República. Diante desse contexto, os diretores da autoridade
monetária do país foram obrigados a majorar novamente a taxa básica de juros,
na tentativa de conter a espiral inflacionária e trazê-la de volta à meta
estabelecida pelo Banco Central.
Outro
ponto de grande preocupação, sobretudo para o mercado financeiro, é o
equilíbrio das contas públicas. Vale lembrar que, no ano passado, o governo
conseguiu encerrar o período dentro da meta fiscal, fato que parece ter sido
convenientemente ignorado pelo “Deus mercado”. Se o mercado deseja um ajuste
fiscal, concordo que ele deve ser buscado, mas não à custa do corte de programas
sociais que garantem o sustento de milhões de famílias pobres em todo o país.
Ainda que esse discurso seja frequentemente disfarçado, a realidade é clara:
querem exigir, mais uma vez, sacrifícios dos mais vulneráveis enquanto
preservam seus próprios privilégios.
No
entanto, há sim alternativas para o ajuste fiscal que raramente são cogitadas.
Um exemplo seria a redução de um percentual dos subsídios e das renúncias
fiscais concedidas a diversos setores empresariais do Brasil, que, somente
neste ano, alcançarão a impressionante cifra de R$ 600 bilhões. Essa medida
poderia gerar caixa suficiente para equilibrar as contas públicas sem penalizar
a população mais carente. Mas será que alguém da Avenida Faria Lima em São
Paulo estaria disposto a enfrentar essa briga? É sempre mais fácil cortar do
que já é pouco para os pobres, não é mesmo?
Por
fim, é inegável que a inflação precisa ser combatida. Ela funciona como um
imposto perverso sobre o orçamento das famílias brasileiras, especialmente as
de menor poder aquisitivo. Existe uma solução? Sim, e, no curto prazo, uma
delas já está a caminho: a supersafra de alimentos prevista para este ano, que
certamente contribuirá para reduzir a pressão inflacionária e melhorar o
cenário econômico.
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