segunda-feira, 18 de agosto de 2025

"QUEDA HISTÓRICA NA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: ENTENDA O IMPACTO NOS MUNICÍPIOS NORTE-FLUMINENSES EM 2025"

 

"A Participação Especial (PE), tributo pago pelas petrolíferas como compensação financeira pela exploração de campos de alta rentabilidade, atingiu seus menores patamares desde a crise da COVID-19 em 2020. Dados apontam que os repasses trimestrais para municípios como São João da Barra e Campos dos Goytacazes – que dependem fortemente da produção dos campos de Frade e Roncador – sofreram quedas acentuadas, reflexo de uma combinação de fatores: oscilação dos preços médios do petróleo, queda de produção e aumento de custos operacionais e investimentos dedutíveis nos cálculos."

1. O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

"A PE, que já foi uma fonte alta de receita para a região, encolheu drasticamente. Enquanto em 2014, os repasses somaram mais de R$ 120 milhões no ano para São João da Barra, e R$ 654 milhões para Campos dos Goytacazes, em 2025 as projeções indicam valores menores que R$ 10 milhões – uma queda de mais 1100%, para o município de São João da Barra e pouco mais de R$ 25 milhões para Campos, queda de mais de 2800%. O motivo? Três fatores críticos:

Queda do Preço do Brent: A cotação média do petróleo tipo Brent, referência para o cálculo da PE, esteve em US$ 98,95 em 2014 e neste ano está em US$ 71,90.

Aumento de Custos Dedutíveis: Os principais Campos principalmente para São João da Barra, Roncador e Frade, atingiram seu ápice de produção e agora demandam investimentos pesados para aumentar o fator de recuperação, novos poços e novas tecnologias, o que reduz e muito a base de cálculo da PE.

Queda de Produção: Apesar dos investimentos, a produção destes campos já passou pelo período de maior produção e hoje temos a perspectiva que os investimentos feitos, retome em médio prazo, maiores valores das Participações Especiais, com aumento de produtividade e um bem possível (Pré-Sal) na mesma região."

2. COMPARAÇÃO COM CRISES ANTERIORES

"A situação atual é grave, mas ainda não alcança o colapso de 2020/2021, quando o Brent despencou para *US$ 15,98/barril em abril – o menor valor da história recente. Neste período, a PE de São João da Barra chegou a cinco repasses zerados. Agora, porém, a crise é estrutural mas de extrema significância:

2020: Queda brusca por fatores externos (pandemia + guerra de preços).

2025: Queda prolongada por custos operacionais altos e preços moderados do petróleo.

3. OS IMPACTOS NOS MUNICÍPIOS

"Para São João da Barra e Campos dos Goytacazes, a redução da PE significa:

Menos verba para investimento, saúde e educação: A PE já checou a financiar até 40% do orçamento destes municípios.

Atraso em obras estratégicas: Projetos de infraestrutura e mobilidade dependem desses recursos.

Risco de desequilíbrio fiscal: Sem alternativas imediatas de receita, os gestores terão que cortar gastos ou buscar empréstimos."

4. O QUE ESPERAR DO FUTURO?

"A recuperação depende de três variáveis:

Preço do Petróleo: Se a OPEP+ mantiver cortes de produção e a demanda global se aquecer, o Brent pode se recuperar para US$ 80+.

Eficiência Operacional: Se a Petrobras e parceiras reduzirem custos em campos maduros, a base de cálculo da PE melhora.

Diversificação Econômica: A região precisa atrair novos investimentos (ex.: energias renováveis, projetos no porto do açu) para reduzir a dependência do petróleo."

5. ALERTA AOS GESTORES

Este é o momento de:

Revisar o orçamento municipal: Priorizar gastos essenciais e criar fundos de reserva.

Cobrar transparência: Exigir detalhes das deduções de custos das empresas operadoras.

Buscar alternativas: "Parcerias com o governo federal e iniciativa privada para projetos de desenvolvimento local."

CONCLUSÃO: "A crise na PE é um sinal de alerta para o Norte Fluminense. Se em 2020/2021 o problema foi uma tempestade passageira, em 2025 ela se mostra como uma maré baixa prolongada quanto a esta receita. Aos gestores, cabe a difícil tarefa de navegar neste cenário com pragmatismo e visão estratégica."

 Por: 

Wellington Abreu

Superintendente de Petróleo, Gás, Ciência e Tecnologia

Analista de Sistemas, Pesquisador e Consultor


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