Por Sérgio Cunha

Camada por camada de pré-sal, o Brasil continua prospectando interesses sobre sua matriz de óleo e gás unindo em uma mesma reserva dois fatores competitivos: é o sétimo mercado consumidor de petróleo e o décimo produtor global, superando México e Venezuela, segundo a pesquisa Statistical Review of World Energy 2019.

Os dados são do estudo Statistical Review, que monitora a relação de consumo e produção global da commoditie, tendo 2018 como ano base. O Brasil consumiu 3,1 milhões de barris por dia (mibpd), bem perto da Rússia, com 3,2 mibpd. Ao mesmo tempo, o nosso país figura com a produção de 2,7 mibpd, superando México (2,1 mibpd) e Venezuela (1,5 mibpd) e quase na fronteira com o Kuwait, um dos maiores produtores do Oriente Médio, e palco de um conflito internacional por essa razão.

O relatório indica que o mundo bateu um novo recorde de consumo de petróleo, com 99,8 mibpd, crescendo 1,5%, no nono ano seguido de expansão.

O professor Roberto Moraes Pessanha, publicou os números do relatório em seu blog pessoal e destacou que a relação entre consumo e produção do Brasil, sobre os demais atores globais, desenha o apetite das nações do petróleo sobre o mercado local: “O interesse das petroleiras estrangeiras sobre o Brasil, mostrando que ele vai bem além do acesso às reservas do pré-sal, mas visam também chegar ao refino, às redes de distribuição e ao consumo de derivados e combustíveis”.

E, complementa o professor: “O Brasil desde a descoberta do pré-sal, a maior fronteira petrolífera descoberta na última década do mundo (com seis dos dez maiores campos de petróleo), entrou no radar da geopolítica do petróleo. Tem uma produção crescente (10ª maior), sendo ainda o 7º maior mercado consumidor do mundo e com um enorme mercado de combustíveis e derivados. Lembrando que o Brasil explorou até aqui pouco mais de 1% de toda as reservas estimadas do Pré-sal”.

O economista Ranulfo Vidigal cita o aspecto do teatro global de poder do petróleo, e lembra: “O petróleo movimenta o transporte individual e coletivo, além de ser estratégico para as guerras de conquista territorial presentes no mundo”. E, assinala Vidigal: “O Brasil será um player cada vez mais importante nesse jogo. Cada ponto percentual de incremento do PIB mundial gera 1,5 de demanda por energia fóssil. Isso se traduz em renda, impostos e empregos bem remunerados”.

Os EUA são ao mesmo tempo os maiores produtores e consumidores, respectivamene, com 15,3 mibpd e 20,5 mibpd –  a relação de diferença entre os que os norte-americanos consomem e produzem explicam suas constantes intervenções geopolíticas no cenário global do petróleo e a busca por novas reservas.
Entre os maioes produtores, se destacam, após os EUA, em 2º lugar a Arábia Saudita com 12,3 mibpd; em 3º lugar, a Rússia com 11,4 mibpd; o Canadá em 4º lugar, com 5,2 mibpd; a China, em 5º lugar, com 3,8 mibpd; em 6º lugar, o Irã, com 4,7 mibpd (isso explica muito o interesse americano no conflito atual das armas nucleares).

Como maiores consumidores, após os EUA, em 2º lugar está a China com 13,5 mibpd e em 3º lugar a Índia com 5,2 mibpd. Em 4º lugar a Arábia Saudita com 3,7 mibpd, Japão está em 5º lugar com 3,9 mibpd e a Rússia em 6º no ranking com 3,2 mibpd.