No retrato do mercado de
trabalho da economia de Campos dos Goytacazes (RJ), entre janeiro e junho de
2025, comparado ao mesmo período de 2024, constata-se, pelos dados do último
CAGED, uma retração de 29,11% na criação de empregos. Em termos absolutos, isso
representa a perda de 1.262 postos com carteira assinada, o que configura uma
forte desaceleração da atividade econômica local, com menos oportunidades
formais para os trabalhadores da cidade.
Importa
salientar que, no semestre de 2025, os setores que mais puxaram a
empregabilidade foram, em primeiro lugar, o de serviços; em segundo, a
agropecuária; e, em terceiro, a indústria. O padrão se manteve em 2024: o setor de serviços lidera, seguido
pela agropecuária e pela indústria. Naturalmente, os serviços são impulsionados
pelas rendas provenientes desses dois últimos. No caso específico de Campos,
trata-se do parque industrial sucroalcooleiro, já em processo de decadência
econômica, tecnológica e com baixa produtividade, o que, aliás, não é novidade
para ninguém.
De
janeiro a junho de 2024 e 2025, os empregos gerados pela agropecuária e
indústria somaram, juntos, apenas 1.281 e 1.556, respectivamente. Seguimos
aguardando os mais de 4.000 postos de trabalho que, segundo lideranças
políticas e do setor, seriam criados com a safra do açúcar. Por ora, trata-se
de uma grande fake news no que diz respeito aos efeitos da cana-de-açúcar sobre
o mercado de trabalho. Os números falam por si.
A
atual retração vivida pela economia campista no primeiro semestre de 2025 está
diretamente ligada à política de austeridade fiscal adotada pelo governo
Wladimir Garotinho, que promoveu cortes significativos em gastos públicos,
mesmo sendo responsável pelo maior orçamento do município, um montante que se
aproxima dos três bilhões de reais. E todos sabem que o governo ainda deve a
fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços. E não é pouco. Basta
observar o impacto da queda nos investimentos em obras: em 2025, a construção
civil acumulou saldo negativo de 184 demissões. É a velha máxima: quando a
prefeitura fecha a “boca”, a economia de Campos balança.
Outra
razão importante é a fragilidade estrutural das atividades comerciais e de
serviços da cidade, que, historicamente, ficam à espera de recursos injetados
pela própria prefeitura. Aliás, diga-se: a economia de Campos sobrevive do
funcionalismo público e de aposentados do INSS. Isso é devastador. A iniciativa
privada é extremamente enfraquecida, e hoje dependemos das rendas vindas do
Porto do Açu, em São João da Barra, e da Petrobras, em Macaé. E é de
conhecimento geral que quem gera riqueza é a iniciativa privada, o setor
público apenas acompanha ou no mínimo induz a demanda agregada através de investimentos em setores estratégicos.
Por
fim, é relevante lembrar que a conjuntura econômica de Campos é extremamente
delicada, pois estamos no fim do ciclo do petróleo. O do açúcar já ficou para
trás há muito tempo. Soma-se a isso um agravante: há muita gente bem remunerada
na cidade, sem produzir absolutamente nada, vivendo apenas de criar narrativas
falsas. É lamentável. E o pior: são sempre os mesmos. Os velhos conhecidos que,
historicamente, atrapalharam o desenvolvimento de Campos.
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