quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Empregos somem, obras param e Campos sobrevive de salários de servidores públicos e aposentadorias do INSS

 

No retrato do mercado de trabalho da economia de Campos dos Goytacazes (RJ), entre janeiro e junho de 2025, comparado ao mesmo período de 2024, constata-se, pelos dados do último CAGED, uma retração de 29,11% na criação de empregos. Em termos absolutos, isso representa a perda de 1.262 postos com carteira assinada, o que configura uma forte desaceleração da atividade econômica local, com menos oportunidades formais para os trabalhadores da cidade.

Importa salientar que, no semestre de 2025, os setores que mais puxaram a empregabilidade foram, em primeiro lugar, o de serviços; em segundo, a agropecuária; e, em terceiro, a indústria. O padrão se manteve  em 2024: o setor de serviços lidera, seguido pela agropecuária e pela indústria. Naturalmente, os serviços são impulsionados pelas rendas provenientes desses dois últimos. No caso específico de Campos, trata-se do parque industrial sucroalcooleiro, já em processo de decadência econômica, tecnológica e com baixa produtividade, o que, aliás, não é novidade para ninguém.

De janeiro a junho de 2024 e 2025, os empregos gerados pela agropecuária e indústria somaram, juntos, apenas 1.281 e 1.556, respectivamente. Seguimos aguardando os mais de 4.000 postos de trabalho que, segundo lideranças políticas e do setor, seriam criados com a safra do açúcar. Por ora, trata-se de uma grande fake news no que diz respeito aos efeitos da cana-de-açúcar sobre o mercado de trabalho. Os números falam por si.

A atual retração vivida pela economia campista no primeiro semestre de 2025 está diretamente ligada à política de austeridade fiscal adotada pelo governo Wladimir Garotinho, que promoveu cortes significativos em gastos públicos, mesmo sendo responsável pelo maior orçamento do município, um montante que se aproxima dos três bilhões de reais. E todos sabem que o governo ainda deve a fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços. E não é pouco. Basta observar o impacto da queda nos investimentos em obras: em 2025, a construção civil acumulou saldo negativo de 184 demissões. É a velha máxima: quando a prefeitura fecha a “boca”, a economia de Campos balança.

Outra razão importante é a fragilidade estrutural das atividades comerciais e de serviços da cidade, que, historicamente, ficam à espera de recursos injetados pela própria prefeitura. Aliás, diga-se: a economia de Campos sobrevive do funcionalismo público e de aposentados do INSS. Isso é devastador. A iniciativa privada é extremamente enfraquecida, e hoje dependemos das rendas vindas do Porto do Açu, em São João da Barra, e da Petrobras, em Macaé. E é de conhecimento geral que quem gera riqueza é a iniciativa privada, o setor público apenas acompanha ou no mínimo induz a demanda agregada através de investimentos em setores estratégicos. 

Por fim, é relevante lembrar que a conjuntura econômica de Campos é extremamente delicada, pois estamos no fim do ciclo do petróleo. O do açúcar já ficou para trás há muito tempo. Soma-se a isso um agravante: há muita gente bem remunerada na cidade, sem produzir absolutamente nada, vivendo apenas de criar narrativas falsas. É lamentável. E o pior: são sempre os mesmos. Os velhos conhecidos que, historicamente, atrapalharam o desenvolvimento de Campos.

 


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