No artigo
intitulado A Teoria da Dependência nas Perspectivas de Celso Furtado,
Fernando Henrique Cardoso e Ruy Mauro Marini, dos autores Silvio A. F.
Cario, Márcio G. Gomes e Eduardo S. Sigaúque, apresentado no Seminário da
Universidade Federal Fluminense (UFF) em 14/10/2024 pelo meu grupo, fiquei
responsável pela parte da exposição sobre Celso Furtado. A seguir, fiz um
pequeno resumo da minha apresentação.
Em sua vasta
obra, Furtado teve como desafio desvendar os motivos que causavam o
subdesenvolvimento econômico no Brasil. Durante sua vida, ele se preocupou com
questões como a desigualdade social, a heterogeneidade econômica estrutural e a
submissão à ordem econômica mundial.
Para
facilitar o entendimento, destaco algumas de suas citações:
- 'Para
compreender o processo de desenvolvimento, é indispensável identificar os
agentes responsáveis pelas decisões estratégicas e reconhecer os fatores
estruturais que condicionam a propagação dos efeitos de tais decisões'
(FURTADO, 1983, p. 81).
- 'Nesse
curso, o desenvolvimento gera seu contrário, o subdesenvolvimento, sendo
considerado não como uma fase ou etapa, mas decorrente do próprio processo
de transformação' (FURTADO, 1980).
Furtado
também faz observações sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, afirmando
que o subdesenvolvimento gera uma deformação estrutural onde um segmento da
sociedade, do ponto de vista econômico e social, domina outro, impedindo-o de
acessar os frutos do desenvolvimento. Ele também recorre ao contexto histórico,
desde 1700, para explicar as mutações econômicas ocorridas no mundo, destacando
as fases de desorganização econômica e difusão industrial nas economias
pré-capitalistas.
No que diz
respeito ao caso do Brasil, Furtado afirma que houve um desenvolvimento
capitalista híbrido. Alguns setores da economia, vinculados ao comércio
exterior, ofereciam boa remuneração aos trabalhadores, e os lucros da economia
cafeeira permitiram, no curto e médio prazo, a expansão da base industrial
doméstica, gerando o ciclo de substituição de importações, conhecido na
história econômica brasileira.
Para quem
não sabe, o Brasil tinha uma economia agrária e exportadora, e, com as rendas
obtidas dessa economia, importávamos bens industriais. A partir do Programa de
Substituição de Importações, essa conjuntura foi mitigada, e passamos para uma
fase de industrialização da economia local.
Com isso,
Furtado afirma que o Brasil optou por um desenvolvimento econômico baseado no
modelo externo, importando tecnologias dos países centrais, modernizando a base
produtiva, mas gerando uma forte heterogeneidade social. Essa modernização
excluiu uma grande parte da população, deixando-a sem acesso à alimentação e
aos bens e serviços básicos, como educação, saúde e moradia, essenciais para
uma vida digna. Na verdade, o modelo econômico exógeno, escolhido pelas elites
agrárias nacionais, concentrava renda em uma minoria, em detrimento da maioria
da população.
Furtado
conclui que o desenvolvimento capitalista do Brasil ocorreu de forma dependente
da tecnologia e da cultura dos países centrais, relegando a economia brasileira
a uma condição periférica e de subdesenvolvimento em relação às economias
desenvolvidas.
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