quarta-feira, 12 de julho de 2023

Livro Economia Brasileira – Cap. 6

 


 

·       O PROJETO NACIONALISTA DE VARGAS

 

Deu-se a partir de 1950 no momento em que o presidente Getúlio Vargas implantou seu projeto nacionalista de industrialização através da indústria de base, criando, por exemplo, a Petrobrás, a Vale do Rio de Doce e a siderúrgica de Volta Redonda. Tais empresas dariam sustentação ao tão propalado Programa de Substituições de Importações, alavancado pelas ações estatais.

O Programa de Substituição de Importações (PSI) constituía-se num instrumento de desenvolvimento industrial, onde o Brasil produziria agora os bens duráveis que antes os agentes econômicos internos importavam do resto mundo.

O modelo de desenvolvimento varguista buscou se financiar através da fonte do excedente da renda do setor agroexportador, das rendas oriundas dos lucros do setor industrial e da valorização cambial.

Nesse período surgiu o BNDES, e o financiamento das suas políticas decorriam do percentual do imposto de renda. Esses recursos eram direcionados para fomentar os investimentos em obras de infraestrutura no país.

Mais tarde o governo editou a portaria da SUMOC, onde ela condicionava as importações aos interesses industriais mediante ao leilão de divisas via câmbio diferenciado, conforme a essencialidade das importações.

Entretanto, o projeto nacionalista de Vargas enfrentou alguns problemas de ordem política. A sua base de sustentação, como a guisa de exemplo, os trabalhadores industriais, começaram a se rebelar no sentido de reivindicarem o direito a participação na produtividade da indústria e melhores salários.

A burguesia nacional, então, o outro pilar de apoio político do governo, sobretudo, os empresários, fizeram restrição à portaria da SUMOC devido a sua seletividade, no que tange as importações de produtos.

E, ainda, tal portaria onerou os custos dos produtos importados através da desvalorização cambial. O que provocou o descontentamento da classe empresarial, inclusive, dos empresários varguistas. Aumentando, com isso, a temperatura do termômetro político.

O contexto acima desencadeou o processo de enfraquecimento do governo Vargas no Congresso Nacional e por fim o levou ao suicídio.    


 ·       O SUICÍDIO DE VARGAS: CAFÉ FILHO E EUGÊNIO GUDIN


O suicídio de Vargas em 1954 abriu espaço para assumir o poder o seu vice Café Filho, que governou o Brasil até 1955.

Neste governo de transição, é guindado ao Ministério da Fazenda o economista ultraliberal Eugênio Gudin, criador dos cursos de economia no Brasil e posteriormente, ocupou a pasta da fazenda também, o banqueiro representante da cafeicultura paulista, José Maria Whitaker.

Gudin diagnosticou a inflação do país, como sendo uma inflação de demanda causada pela monetização do déficit público. Em face desse cenário, ocorreu o enxugamento da liquidez da economia pela restrição monetária e do crédito e ainda limitaram-se severamente os gastos públicos.

Além disso, ele instituiu a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) através da instrução 113, mencionada na primeira seção deste estudo, o que permitiu as empresas estrangeiras importarem máquinas e equipamentos sem cobertura cambial, e com isso, completar os conjuntos industriais criados no governo Vargas através do Programa de Substituição de Importações (PSI).

Importa salientar, Gudin era peremptoriamente contra a política desenvolvimentista do governo anterior. Tinha como característica da sua personalidade ser uma figura polêmica. Em uma das suas aparições na mídia travou uma intensa discussão com o industrial paulista, Roberto Simonsen, a época presidente da FIESP e defensor da industrialização do país, através das ações estatais.

A consequência decorrente da política macroeconômica austera de combate à inflação de Gudin culminou exatamente, numa crise bancária sem precedentes na história brasileira.

Para piorar o quadro de turbulência econômica e política, soma-se a essa conjuntura, a falta de apoio às políticas de exportação dos cafeicultores que reivindicavam do governo, uma política cambial favorável ao setor.

Como corolário desse imbróglio, Eugênio Gudin, perdeu sustentação política, em função da falta de apoio dos cafeicultores insatisfeitos com a sua gestão.

Assim, assume o Ministério da Fazenda o banqueiro e representante dos cafeicultores José Maria Whitaker para tentar debelar a crise bancária e tomar outras medidas de cunho econômico no sentido de tranquilizar o país, até a sucessão do próximo governo. 

 

·       Referências bibliográficas: 

 

1-Lacerda, Antônio Correa et al. Economia Brasileira. São Paulo.  Editora Saraiva 2000.

 

 

 

 

 

 


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