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O
PROJETO NACIONALISTA DE VARGAS
Deu-se
a partir de 1950 no momento em que o presidente Getúlio Vargas implantou seu
projeto nacionalista de industrialização através da indústria de base, criando,
por exemplo, a Petrobrás, a Vale do Rio de Doce e a siderúrgica de Volta
Redonda. Tais empresas dariam sustentação ao tão propalado Programa de
Substituições de Importações, alavancado pelas ações estatais.
O Programa
de Substituição de Importações (PSI) constituía-se num instrumento de
desenvolvimento industrial, onde o Brasil produziria agora os bens duráveis que
antes os agentes econômicos internos importavam do resto mundo.
O
modelo de desenvolvimento varguista buscou se financiar através da fonte do
excedente da renda do setor agroexportador, das rendas oriundas dos lucros do
setor industrial e da valorização cambial.
Nesse
período surgiu o BNDES, e o financiamento das suas políticas decorriam do
percentual do imposto de renda. Esses recursos eram direcionados para fomentar
os investimentos em obras de infraestrutura no país.
Mais
tarde o governo editou a portaria da SUMOC, onde ela condicionava as
importações aos interesses industriais mediante ao leilão de divisas via câmbio
diferenciado, conforme a essencialidade das importações.
Entretanto,
o projeto nacionalista de Vargas enfrentou alguns problemas de ordem política.
A sua base de sustentação, como a guisa de exemplo, os trabalhadores
industriais, começaram a se rebelar no sentido de reivindicarem o direito a
participação na produtividade da indústria e melhores salários.
A
burguesia nacional, então, o outro pilar de apoio político do governo, sobretudo,
os empresários, fizeram restrição à portaria da SUMOC devido a sua seletividade,
no que tange as importações de produtos.
E,
ainda, tal portaria onerou os custos dos produtos importados através da
desvalorização cambial. O que provocou o descontentamento da classe empresarial,
inclusive, dos empresários varguistas. Aumentando, com isso, a temperatura do
termômetro político.
O contexto acima desencadeou o processo de enfraquecimento do governo Vargas no
Congresso Nacional e por fim o levou ao suicídio.
· O SUICÍDIO DE VARGAS: CAFÉ FILHO E
EUGÊNIO GUDIN
O suicídio
de Vargas em 1954 abriu espaço para assumir o poder o seu vice Café Filho, que
governou o Brasil até 1955.
Neste
governo de transição, é guindado ao Ministério da Fazenda o economista
ultraliberal Eugênio Gudin, criador dos cursos de economia no Brasil e
posteriormente, ocupou a pasta da fazenda também, o banqueiro representante da
cafeicultura paulista, José Maria Whitaker.
Gudin
diagnosticou a inflação do país, como sendo uma inflação de demanda causada
pela monetização do déficit público. Em face desse cenário, ocorreu o enxugamento
da liquidez da economia pela restrição monetária e do crédito e ainda limitaram-se
severamente os gastos públicos.
Além
disso, ele instituiu a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) através
da instrução 113, mencionada na primeira seção deste estudo, o que permitiu as
empresas estrangeiras importarem máquinas e equipamentos sem cobertura cambial,
e com isso, completar os conjuntos industriais criados no governo Vargas
através do Programa de Substituição de Importações (PSI).
Importa
salientar, Gudin era peremptoriamente contra a política desenvolvimentista do
governo anterior. Tinha como característica da sua personalidade ser uma figura
polêmica. Em uma das suas aparições na mídia travou uma intensa discussão com o
industrial paulista, Roberto Simonsen, a época presidente da FIESP e defensor
da industrialização do país, através das ações estatais.
A
consequência decorrente da política macroeconômica austera de combate à
inflação de Gudin culminou exatamente, numa crise bancária sem precedentes na
história brasileira.
Para
piorar o quadro de turbulência econômica e política, soma-se a essa conjuntura,
a falta de apoio às políticas de exportação dos cafeicultores que reivindicavam
do governo, uma política cambial favorável ao setor.
Como
corolário desse imbróglio, Eugênio Gudin, perdeu sustentação política, em
função da falta de apoio dos cafeicultores insatisfeitos com a sua gestão.
Assim,
assume o Ministério da Fazenda o banqueiro e representante dos cafeicultores
José Maria Whitaker para tentar debelar a crise bancária e tomar outras medidas
de cunho econômico no sentido de tranquilizar o país, até a sucessão do próximo
governo.
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Referências
bibliográficas:
1-Lacerda,
Antônio Correa et al. Economia Brasileira. São Paulo. Editora Saraiva 2000.