· · O comerciante de café e o crédito
agrícola
O
produtor de café no Brasil possuía grande relação com os comerciantes, além deles
comercializarem o café tinham também, o condão de promover o financiamento da
formação da lavoura, do capital de giro e do capital fixo. Tendo em vista que,
a lavoura cafeeira tinha prazo de maturação.
Eram quatro anos para o café começar a dar os seus primeiro frutos e em
torno de cinco a seis anos para o cafezal está apto a plena produção. Sem recursos
financeiros essa atividade se inviabilizava.
Apenas para sublinhar, a relação existente entre o fazendeiro e o comerciante ou comissário tinha viés particular.
O que permitia entre eles ocorrer à relação de crédito no sentido do
financiamento da lavoura, eis que a época, o sistema de crédito era tímido e
inexistia relacionamento entre o banco e o fazendeiro. Mas, sim, entre o
comissário e o sistema bancário através de contato pessoal entre ele e o banco.
Ambos residiam na cidade e isso facilitava a construção de uma boa relação de
confiança e a ampliação das atividades negociais.
Pois,
as casas bancárias localizavam-se algumas delas em Santos e outras no Rio de
Janeiro, em função dos portos existentes nessas duas cidades, serem os canais
logísticos de exportação do café. E, acrescentando, a maior parte das casas
bancárias localizavam na cidade de São Paulo.
Importa
salientar ainda, o bom entendimento entre o comerciante e o banco nas aludidas
praças, permitiam aos comerciantes desempenharem o papel de intermediários ou
emprestadores de dinheiro aos fazendeiros. Eis que, as lavouras ficavam nas
regiões do interior e a distância era obstáculo, para o homem do campo se
relacionar com o sistema bancário.
· Esgotamento do sistema de financiamento
da economia cafeeira
O sistema
de crédito à lavoura era desenvolvido informalmente e tal conjuntura
interessava ao fazendeiro que pagava ao comissário uma taxa de juros de 9% a
12%, além de uma comissão de 3% sobre a produção vendida.
Com
o passar dos anos e a evolução da economia cafeeira, nasceu duas novas classes
para participar do mercado de café, a do ensacador e a do exportador.
A
partir desse momento, o funcionamento se dava da seguinte forma: o comissário
emprestava dinheiro ao fazendeiro, o ensacador fazia a manipulação do café,
através da mistura do produto de alta qualidade com aquele café de origem mais
inferior e o exportador comprava o café do ensacador, já manipulado, e o vendia
no mercado internacional.
A
superprodução do café ocorria em algumas safras, em função disso, os preços reduziam
tanto no mercado interno como no externo. Tal mutação mercadológica interessava
ao exportador, pois ele elevava sua margem de lucratividade nas vendas ao
mercado externo. Os produtos eram adquiridos por baixos preços e vendidos a
valores superiores. Entretanto, essa situação desagradava o fazendeiro e ao
comissário, devido, obviamente, ao encolhimento das suas margens de lucros.
Outro
ponto que merece destaque é o da atividade de crédito. Ela era tão interessante
do ponto de vista financeiro, que várias casas de comissários foram abertas,
nas praças de Santos e do Rio de Janeiro. De duas mil elas saltaram para quinze
mil. Era um mercado de índole concorrencial, enquanto os exportadores que se
transformaram em pequenos grupos de estrangeiros formavam o mercado oligopsonista.
Por
derradeiro, salienta-se no ensejo, os comissários adotaram uma prática nas suas
relações comerciais com os exportadores que desagradou os fazendeiros. Foi
exatamente ela que acarretou o esgotamento desse modelo de financiamento.
Na
prática ocorria da seguinte forma: no instante que o comissário vendia o café
ao exportador, ele apresentava a carta de venda entre ele e o fazendeiro,
demonstrando, a dívida que o fazendeiro possuía e o quanto ele tinha auferido
na transação da produção.
Por fim,
essa exposição de dados causou o fim da relação entre o comissário e o fazendeiro.
· A questão da mão de obra
A
utilização em massa do trabalho assalariado representou a primeira fase do
desenvolvimento capitalista brasileiro.
No
final do século XIX já havia no Brasil uma parcela da mão de obra remunerada.
Entretanto, entre 1880 a 1930 com a chegada dos imigrantes europeus cerca de
quatro milhões, efetivamente, se formou um mercado de trabalho local.
A
mão de obra brasileira oriunda da escravidão e com o perfil de baixa
qualificação. Obrigava os produtores de café a optarem pelas contratações dos
trabalhadores do continente europeu, apesar deles serem mais caros. Pois, constituía-se
numa mão de obra disciplinada e já condicionada ao regime de trabalho. Tais
atributos facilitava a empregabilidade na atual conjuntura.
Na
província do Rio de Janeiro, onde outrora se produzia café de qualidade e não
somente nela, surgiram as primeiras favelas em virtude da transformação das
lavouras cafeeiras em pastagens. Tal transformação reduziu sensivelmente à
oferta de empregos a época.
·
Referências
bibliográficas:
1- Lacerda,
Antônio Correa et al. Economia Brasileira. São Paulo. Editora Saraiva 2000.