· A
produção açucareira
O
primeiro ciclo econômico do Brasil ocorreu no período de XVI a XVIII, baseado na
produção açucareira, quando este se transformou no eixo econômico da economia
colonial. Antes havia ocorrido a exploração econômica do pau-brasil.
Assim
que chegaram ao Brasil, os portugueses tiveram que estimular os colonos a
produzirem na agricultura. Em face da necessidade de superar as dificuldades da
zona tropical, era necessário lhes oferecer grandes propriedades de terra, como
recompensa pelo grande sacrifício.
A
produção açucareira era realizada através da mão de obra escrava proveniente da
África, por ser mais produtiva ela substituiu a mão de obra nativa. Tal
fenômeno ocorreu de forma mais rápida na região Nordeste, principalmente, na
Bahia e Pernambuco, onde se deu as primeiras produções. O açúcar fabricado
nessa região se destinavam as exportações para o continente europeu.
Com
a entrada no mercado internacional do açúcar produzido na América Central e nas
Antilhas no século XVII, o mercado do açúcar ficou mais competitivo, comprometendo,
a produção brasileira do império.
O
que obrigou os produtores locais a diversificarem a produção canavieira que
até, então, constituía-se numa monocultura. A partir dessa conjuntura começa-se
a produzir tabaco baiano em função da sua grande receptividade no mercado
europeu e por ser um produto aceito no escambo de escravos. A sua decadência
ocorreu no século XIX em função da proibição do tráfico negreiro.
· O Ciclo do Ouro
Com
a derrocada do ciclo do açúcar ganha corpo uma outra atividade na economia
colonial brasileira, a do ouro na região de Minas Gerais. Responsável por atrair
pessoas em busca desse precioso metal, juntamente com a classe dominante. Logo
de imediato, quem descobriu essas riquezas foram os espanhóis.
O ouro
acabou ocupando o lugar da economia açucareira, no período de dois séculos,
principalmente, no XVIII. Entretanto, importa salientar, a despeito da
importância da produção aurífera, ela não produzia o montante igual ao do ciclo
anterior.
A
mão de obra utilizada ainda era a de escravos. Porém, havia diferença a
respeito dela quando comparado aos escravos do ciclo do açúcar. Eles agora
passariam a ter pequenas regalias, como por exemplo, juntar riquezas em ouro
para conquistar a sonhada liberdade, junto ao governo imperial.
A
exploração das riquezas das reservas mineiras aumentavam todos os dias e nesta
esteira crescia também o controle dos colonizadores, através de regramentos,
regimentos decorrente da Intendências de Minas, uma espécie de administração
especial da Coroa. Com isso, surgiu a
elevação dos impostos cobrados dos produtores, o denominado quinto sobre a
quantidade de ouro produzido.
Em
face dessa escorchante taxação, surgiu no contexto, o movimento denominado de
Inconfidência Mineira, composto de colonos inconformados com a apropriação da
renda da extração do ouro, pelos portugueses.
Chega-se,
então, a decadência da mineração brasileira no século XVIII. Apesar de uma
atividade efêmera ela ocupou papel de destaque na história da colônia, enquanto
perdurou virou o foco das atenções e expandiu em detrimento de outras
atividades. No período a população mineira aumentou e outras atividades
econômicas assessórias emergiram como a pecuária e a agricultura, no
Centro-Oeste de Minas Gerais. Apenas a
guisa de informação final, “uma outra preciosidade explorada a época foram os
diamantes. O brasil tomou o lugar antes ocupado pela Índia como grande produtor
de diamantes, para, posteriormente, perdê-lo para a África do Sul, onde ocorreriam
descobertas de grandes jazidas dessa pedra." (Economia Brasileira, pg. 20, 2000)
· O Renascimento agrícola
Com
o florescimento da mineração a agricultura atravessou uma fase de decadência,
como vimos anteriormente. Fenômeno oposto ocorreu no século XVIII, eis que com
o advento da revolução industrial a agricultura voltou ao cenário de relevância,
agora, no que tange produção de algodão.
Por
conta da dificuldade da China em atender a demanda do mercado de produção de
tecido e a aliança entre Portugal e a Inglaterra, este último sede da revolução
industrial. O Brasil foi favorecido nessa conjuntura em decorrência das suas
vastas terras ociosas e virgens.
Surge,
assim, a oportunidade da economia brasileira de produzir algodão e expandir o
comércio exterior retornando, ao mercado
internacional. No ensejo, importa salientar que, o algodão tem sua origem nos
Estados Unidos.
Em
face dessa nova realidade histórica, do Pará ao Paraná, passando por Goiás,
chegando até o Rio Grande do Sul, tais
regiões se transformaram em grandes produtoras de algodão.
Outras
mercadorias, também voltaram a ter importância econômica, como por exemplo, o
açúcar no Nordeste e o cacau na Bahia. E se insere nesse contexto a região de São Paulo.
Por
fim, ressalta-se, todavia, o café proveniente da Abissínia, e tendo ainda,
irrelevância econômica no país, devido ao protagonismo do açúcar, passou na
segunda metade do século XVIII, a ser o grande produto da pauta de exportação
nacional. Com os Estados Unidos assumindo a posição de nosso maior comprador.
Como
discorre abaixo Caio Prado Jr. :
Os Estados Unidos, grandes consumidores
de café, voltar-se-ão (...) para os novos produtores (...). Em particular o
Brasil, favorecido além do mais, com relação a eles pela sua posição
geográfica. A produção cafeeira encontrará nos Estados Unidos um dos seus
principais mercados; em meados do século, quando o café se torna grande artigo
de exportação brasileira, aquele país absorverá mais de 50% dela. E esta
porcentagem ainda crescerá com o tempo.
· Entraves à consolidação do capitalismo
Um
dos grandes problemas da economia capitalista diz respeito à formação do
mercado interno. Foi exatamente o que deixou de acontecer na economia colonial
brasileira açucareira. Não conseguimos formar um mercado interno, que possibilitasse
a criação de uma base industrial.
O
açúcar produzido na colônia era direcionado ao mercado externo ou internacional.
A renda auferida da venda dessa relevante commodities retornava a Europa, agora,
através da importação de bens e serviços industrializados.
Essa
relação de retorno da renda acabou enriquecendo, ainda mais, o seleto grupo de
colonizadores e comerciantes. E o pior, a economia brasileira não logrou êxito
substantivo que fossem responsáveis por inaugurar uma nova era e criar uma
relativa independência econômica da Europa.
Ao
contrário, entramos e saímos dos ciclos econômicos, com a marca de uma economia
subordinada aos centros hegemônicos do capital. Mantendo, em face desse cenário,
uma massa humana na sua maioria escravizada e sem a capacidade de formar um
mercado consumidor que pudesse montar uma base capitalista interna, nos moldes
das grandes economias desenvolvidas da época.
No
ensejo, destaca-se, por sua vez, a economia mineira no contexto colonial foi a mais
propícia no que tange a formação de um mercado interno local. A despeito, do
ciclo do ouro ter sido menos lucrativo do que o do açucareiro. O simples fato
de Minas Gerais está afastado do litoral, permitia a produção de alguns bens
que eram supridos em outras regiões da colônia, pelos produtos importados.
Com
isso, o Brasil adentrou no século XIX, na condição de economia da periferia do
capitalismo, incapaz de aproveitar os três ciclos econômicos de riquezas gerados
na colônia e convertê-los em desenvolvimento econômico e social. Sua passagem
de uma era para outra – de colônia para estado- nação, seria carimbado pela
permanência do atraso estrutural vivido pelo maior país do continente sul-
americano.
Registra-se,
também, no século XIX chegou ao Brasil à família real portuguesa em fuga, por conta
das guerras napoleônicas. Antes deste episódio histórico, Portugal perdeu a sua
hegemonia política para a Espanha, e ocorreu sucessivamente, o seu enfraquecimento
econômico, onde até a presente conjuntura ele dividia com os holandeses no
território brasileiro, as vantagens financeiras do ciclo açucareiro.
Por derradeiro e sem mais delonga, devido ao seu enfraquecimento político no âmbito
internacional, Portugal, se vê obrigado a se aliar a Inglaterra. E o Brasil, em
face dessa aliança experimentou novamente, uma nova sangria das suas riquezas, doravante,
pelos ingleses através da família real, já instalados no território brasileiro.
·
Referências
bibliográficas:
1-
Lacerda, Antônio Correa et al. Economia
Brasileira. São Paulo. Editora Saraiva
2000.