POR: Dr. Geraldo Machado - Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro
A CULPA DO LULA
Geraldo Machado
Os últimos tempos, desde o período eleitoral de 2014, mais se acentuando logo após, para vir num crescendo constante - marcam uma radicalização de posições políticas, para quem testemunhou diversas crises, insuspeitada.
Em verdade, eu e muita gente que esteve atenta aos confrontos, às marchas e contra marchas da sociedade brasileira, intuíamos o que pudesse haver, mas torcíamos para que as coisas não se pusessem da forma como aí estão.
O Congresso, hoje, com ênfase em ridículas siglas, desde um nominado partido DEMOCRATA, com sua militância toda ela recrutada da antiga ARENA, passando por SOCIAIS CRISTÃOS (o que vem a ser isso?), PT do B (seria uma analogia ao cisma dos antigos dois partidos comunistas?) e outros – retrata não mais que a mais aguda LUTA DE CLASSES entre brasileiros.
Não é segredo de que o nível de vida dos estratos mais desassistidos, até então, da população, tiveram ascensão: mais escolas, mais moradia, mais comida...
E se descobriu o PRE SAL !!!
Esse movimento na sociedade brasileira, promovido pelo ESTADO, de outro passo, não criou nos destinatários das medidas respectivas, qualquer incremento de um movimento ou processo de conscientização.
A contrário, assistimos à escalada da mídia comercial, a cada dia mais poderosa, no seu solapar o que restava de consciência em cada um : um verdadeiro, um indesmentível processo de imbecilização, seja na promoção de uma cultura alienante, seja no estímulo ao endeusamento do consumo : obviamente há dividendos, visíveis e os não visíveis, a curto e médio prazo recolhidos pela parte dominante.
Quando o Sr. LUIZ INÁCIO se elegeu Presidente, já vinha de outros caminhos. Havia sido derrotado, nunca se esquecendo os que presenciaram, das ameaças do Sr. Mário Amatto, Presidente da FIESP, que ecoou na TV e na imprensa – dando conta da migração dos grandes empresários, acaso o líder sindical fosse ungido pela urna.
Não sei se foi por isso, mas o LULA perdeu aquela eleição.
Na penúltima que disputou, justamente aquela que o guindou, todo mundo sabia o que todo mundo já estava pronto para saber – que o cara seria eleito, mesmo com o apelo, que a GLOBO difundiu, da senhora Regina Duarte, na ridícula encenação do MEDO...
Pois bem. LULA, com a eleição garantida, é “aconselhado” por seus marqueteiros e por “gente bem intencionada e não radical” – a firmar um pacto, veramente - um pacto com o demônio.
Assim, como menino bem comportado, fez-se comprometido com não mexer em privilégios, sobretudo da “banca” e seus mandados.
A “Carta aos Brasileiros” é nada mais que isso.
O governo eleito e os que se lhe seguissem, poderiam fazer casas populares, incentivar o consumo dos menos favorecidos, alinhar-se a países emergentes, até se afastar das garras da tal da ALCA, que FHC se comprometera a sucumbir...mas...NÃO SE CUIDASSE DE ALTERAR ALGUMAS REGRAS BÁSICAS.
A começar pela canonização do tal do SUPERAVIT PRIMÁRIO, como premissa maior de uma administração no mundo da Economia, que persistiria com significado de monetarização...
Que se não afastasse o governo das obrigações para com credores, naquilo que eufemisticamente, se chamava a conquista de “credibilidade internacional”.
Tudo isso, ou apenas isso – são o motivo bastante para detonar todo um processo, que se expressa, na moldura administrativa interna, numa despropositada Lei de Responsabilidade Fiscal...
Que é o retrato mais acabado, mais fiel, da proposta de fazer do Estado um ente mínimo, apenas servível aos caprichos e interesses do PODER.
Estado mínimo, administrado em estrita consonância com a bula dos organismos financeiros internacionais...
DONA DILMA, no primeiro mandato, bem que procurou se afastar desse catecismo demoníaco.
Pensou que isso pudesse se fazer – lenta, segura e gradualmente...
No que estava equivocada.
A cada dia mais se acentuava a insatisfação pela escalada de negros, pobres, sexualmente diferentes dos estereótipos, essa coisa toda.
Pedaladas fiscais, ridícula nomenclatura, que cabe por inteiro na ridicularia desse senhor ridículo, chamado MIGUEL REALE, agora se presta a uma cassação, é apenas pretexto, já que não tem a mais mínima envergadura para ser tido como MOTIVO...
A culpa, concluo eu –é do LULA.
O que o aproveitou sucumbir e firmar “aquele” compromisso ?
Divide com ele a culpa a senhora DILMA.
Que teria todas as condições de ir Á SOCIEDADE, COMO UM TODO, e se abrir, e se valer dos poderes discricionários que o PODER CIVIL tem legitimamente e consagrado em textos maiores (CF e leis complementares), agitando o tema : dizer com todas as letras, que o POLÍTICO estava condicionado, ou mesmo refém – do ECONÔMICO.
E convocar à luta os destinatários das medidas sociais, a modo de ali buscar a consagração, a verdadeira base de apoio, para os avanços que mais se faziam necessários.
Agora é esperar, é torcer para que no embate das idéias, não se voltem as gentes ao embate físico, que já se sabe a quem aproveita...E...esperar...
Afinal, dois, três, dez anos, em HISTÓRIA – não são muito tempo...
E a pirâmide, como destacou PIKETTY, mais se agudiza no seu vértice superior e tende a ruir, não demora muito...
Nenhum comentário:
Postar um comentário