domingo, 3 de outubro de 2021

Arrocho salarial para servidores de Campos no primeiro ano de Wladimir Garotinho

Por Ranulfo Vidigal

 

Mesmo com aumento de arrecação, prefeito de Campos congela salários de servidores, dá boa vida as concessionárias e precariza serviços



Para o mestre da ciência política Nicolau Maquiavel a “fortuna” diz respeito às condições objetivas que os governantes enfrentam, diante das ações e reações dos aliados, dos adversários, ou dos atores econômicos e sociais da comunidade. 

 

Sobressai, portanto, nesse raciocínio a estratégia política diante dos fatos inesperados que surgem e precisam ser enfrentados, ou seja, é neste teste de fogo das adversidades, que o dirigente é testado entrando no jogo a capacidade subjetiva e objetiva de lidar com tais momentos difíceis. 

 

Outro conceito importante do pensador florentino é a “virtù”, a capacidade de resolver problemas coletivos e ser bem sucedido perante à população, que financia o fundo público.

 

No tempo presente, as três maiores preocupações do cidadão comum se relacionam com a superação da pandemia, o fim da carestia da cesta básica/combustíveis/energia e a geração de oportunidades produtivas para sua juventude ociosa e desesperançada. 

 

É nesse quadro que nossos dirigentes precisam escolher bons quadros para comandar políticas públicas e ser capaz de construir consensos com os diversos setores da sociedade.

 

Neste contexto devemos analisar as contas fiscais do governo municipal de Campos dos Goytacazes nos seus primeiros oito meses. Uma constatação é que a folha de salários está confortavelmente estabilizada nos 45% da Receita Corrente Líquida de R$ 1,9 bilhão de reais.

 

 

Precariedade dos serviços

 

A aprovação do TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) pelo TCE e o anúncio do pagamento de metade do décimo terceiro para os primeiros dias do mês de outubro são notícias alvissareiras.

 

Em contrapartida, na função Infra Estrutura Urbana, as aplicações de recursos são muito tímidas – apenas 4% do total anual orçado, com a cidade mostrando clara deterioração de sua malha urbana. É grande a reclamação das comunidades periféricas com esse fato. A coleta de lixo já custa R$ 83 milhões e precisa melhorar. 

 

Já o sistema de transportes coletivos necessita de planejamento para superar o risco de colapso, no pós-Covid. Outra debilidade se refere à política social.

 

Dos 35 milhões de reais autorizados pelo Poder Legislativo, até agosto último pelos dados oficiais disponíveis, a aplicação na Função Assistência Comunitária – responsável por transferência de renda para famílias pobres – foi de apenas 4 milhões de reais, ou seja 11%. O anúncio de novos programas neste segmento é uma notícia positiva.

 

Causa estranheza a redução da dotação orçamentária para Agricultura e a completa ausência de gastos em setores estratégicos como capacitação de mão de obra, habitação popular e segurança pública. Para 2022, quando o orçamento deve superar R$ 2 bilhões de reais, uma nova lista de prioridades pode e deve ser posta em prática.

 

 

 

 

Resumo da ópera

 

No primeiro ano de Wladimir Garotinho à frente da Prefeitura de Campos, o governo fez o possível, mas ficou devendo para os anos posteriores ousar mais e atingir “virtú e fortuna”. 

 

Afinal, avalia-se a inteligência de um dirigente pela qualidade de incertezas que ele é capaz de suportar. Vida que segue!

 


Fonte: Portal Viu!

 


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