O ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, anunciou ontem em rede nacional que o presidente Lula
encaminhará hoje ao Senado Federal o nome de Gabriel Galípolo, graduado em
Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela PUC-SP e atual Diretor
de Política Monetária do BACEN, para ser sabatinado. Galípolo será o novo
presidente do Banco Central do Brasil (BACEN) a partir de janeiro de 2025, como
já era esperado pelo mundo político e pelo mercado.
Gabriel Galípolo foi
presidente de um grande banco de investimento em São Paulo, e por essa e outras
razões, o mercado financeiro vê com bons olhos sua futura nomeação. Além disso,
ele atuou como consultor econômico do então candidato à presidência Lula em
2022, através de Fernando Haddad, que na época também era assessor. Nesse
ambiente de relacionamento profissional e pessoal, Galípolo construiu uma boa
amizade com o agora presidente da República. Esse estreitamento de laços pode
ter sido determinante para sua indicação ao Senado, sem desconsiderar,
obviamente, sua competente formação acadêmica e profissional.
Essa nomeação, ao que tudo
indica, deverá pôr fim aos ruídos políticos existentes entre o Palácio do
Planalto e o atual presidente do BACEN, Roberto Campos Neto. Lula, até o
momento, não digeriu o comportamento de Campos Neto ao votar para presidente da
República em 2022, em São Paulo, vestindo a camisa da seleção brasileira, numa
clara demonstração de apoio a Jair Messias Bolsonaro. Tal atitude é inaceitável
para o ocupante da presidência da maior autoridade monetária do país,
especialmente considerando que o BACEN brasileiro é, legalmente,
“independente”. Vale lembrar que, ao ocupar um cargo público, a pessoa
representa a instituição 24 horas por dia, não apenas durante o expediente de
trabalho. A liturgia do cargo deve ser rigorosamente cumprida; caso contrário,
deve-se pedir exoneração e buscar outro caminho. Portanto, nesse contexto, o
presidente Roberto Campos Neto cometeu um erro.
Agora, cabe à sociedade
brasileira analisar e vigiar como será a conduta do futuro presidente Galípolo
a partir de janeiro de 2025. Ele goza de grande prestígio com o presidente
Lula, ao ponto de conversarem por telefone a qualquer hora do dia. Não poderá
haver interferência política no BACEN, como todos sabemos, para tentar alterar
a meta de inflação ou reduzir a taxa básica de juros, a SELIC, por decreto, com
o objetivo de dinamizar o sistema econômico. O governo deve fazer sua parte,
que é manter as contas públicas equilibradas, o famoso ajuste fiscal, tão
defendido pelo "Deus mercado". Esperamos apenas que esse ajuste
fiscal não seja feito às custas da população pobre, como, por exemplo, cortando
o orçamento da Farmácia Popular e o BPC. Vamos atacar as renúncias fiscais e
isenções concedidas a empresários liberais ineficientes deste país.
Por fim, acredito que o
presidente Lula terá no BACEN, a partir de janeiro, um presidente para chamar
de seu, assim como teve nos seus oito anos de governo Henrique Meirelles, com
quem Lula teve, como a história demonstra, uma relação extremamente
republicana. Creio que a relação entre Lula e Galípolo será similar. Afinal, o
presidente Lula é um grande estadista, eleito presidente da República por três
vezes — um feito que nem Getúlio Vargas conseguiu, já que foi presidente do
Brasil por duas vezes. E assim segue a pátria amada.
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