terça-feira, 9 de maio de 2023

Livro Economia Brasileira – Cap. 3 – A economia cafeeira

 




·       ·       O comerciante de café e o crédito agrícola

 

O produtor de café no Brasil possuía grande relação com os comerciantes, além deles comercializarem o café tinham também, o condão de promover o financiamento da formação da lavoura, do capital de giro e do capital fixo. Tendo em vista que, a lavoura cafeeira tinha prazo de maturação.  Eram quatro anos para o café começar a dar os seus primeiro frutos e em torno de cinco a seis anos para o cafezal está  apto a plena produção. Sem recursos financeiros essa atividade se inviabilizava.

Apenas para sublinhar, a relação existente entre o fazendeiro e o comerciante ou comissário tinha viés particular. O que permitia entre eles ocorrer à relação de crédito no sentido do financiamento da lavoura, eis que a época, o sistema de crédito era tímido e inexistia relacionamento entre o banco e o fazendeiro. Mas, sim, entre o comissário e o sistema bancário através de contato pessoal entre ele e o banco. Ambos residiam na cidade e isso facilitava a construção de uma boa relação de confiança e a ampliação das atividades negociais.

Pois, as casas bancárias localizavam-se algumas delas em Santos e outras no Rio de Janeiro, em função dos portos existentes nessas duas cidades, serem os canais logísticos de exportação do café. E, acrescentando, a maior parte das casas bancárias localizavam na cidade de São Paulo.

Importa salientar ainda, o bom entendimento entre o comerciante e o banco nas aludidas praças, permitiam aos comerciantes desempenharem o papel de intermediários ou emprestadores de dinheiro aos fazendeiros. Eis que, as lavouras ficavam nas regiões do interior e a distância era obstáculo, para o homem do campo se relacionar com o sistema bancário. 

 

·       Esgotamento do sistema de financiamento da economia cafeeira

 

O sistema de crédito à lavoura era desenvolvido informalmente e tal conjuntura interessava ao fazendeiro que pagava ao comissário uma taxa de juros de 9% a 12%, além de uma comissão de 3% sobre a produção vendida.

Com o passar dos anos e a evolução da economia cafeeira, nasceu duas novas classes para participar do mercado de café, a do ensacador e a do exportador.

A partir desse momento, o funcionamento se dava da seguinte forma: o comissário emprestava dinheiro ao fazendeiro, o ensacador fazia a manipulação do café, através da mistura do produto de alta qualidade com aquele café de origem mais inferior e o exportador comprava o café do ensacador, já manipulado, e o vendia no mercado internacional.

A superprodução do café ocorria em algumas safras, em função disso, os preços reduziam tanto no mercado interno como no externo. Tal mutação mercadológica interessava ao exportador, pois ele elevava sua margem de lucratividade nas vendas ao mercado externo. Os produtos eram adquiridos por baixos preços e vendidos a valores superiores. Entretanto, essa situação desagradava o fazendeiro e ao comissário, devido, obviamente, ao encolhimento das suas margens de lucros.

Outro ponto que merece destaque é o da atividade de crédito. Ela era tão interessante do ponto de vista financeiro, que várias casas de comissários foram abertas, nas praças de Santos e do Rio de Janeiro. De duas mil elas saltaram para quinze mil. Era um mercado de índole concorrencial, enquanto os exportadores que se transformaram em pequenos grupos de estrangeiros formavam o mercado oligopsonista.

Por derradeiro, salienta-se no ensejo, os comissários adotaram uma prática nas suas relações comerciais com os exportadores que desagradou os fazendeiros. Foi exatamente ela que acarretou o esgotamento desse modelo de financiamento.

Na prática ocorria da seguinte forma: no instante que o comissário vendia o café ao exportador, ele apresentava a carta de venda entre ele e o fazendeiro, demonstrando, a dívida que o fazendeiro possuía e o quanto ele tinha auferido na transação da produção.

Por fim, essa exposição de dados causou o fim da relação entre o comissário e o fazendeiro. 

 

·       A questão da mão de obra

 

A utilização em massa do trabalho assalariado representou a primeira fase do desenvolvimento capitalista brasileiro.

No final do século XIX já havia no Brasil uma parcela da mão de obra remunerada. Entretanto, entre 1880 a 1930 com a chegada dos imigrantes europeus cerca de quatro milhões, efetivamente, se formou um mercado de trabalho local.

A mão de obra brasileira oriunda da escravidão e com o perfil de baixa qualificação. Obrigava os produtores de café a optarem pelas contratações dos trabalhadores do continente europeu, apesar deles serem mais caros. Pois, constituía-se numa mão de obra disciplinada e já condicionada ao regime de trabalho. Tais atributos facilitava a empregabilidade na atual conjuntura.

Na província do Rio de Janeiro, onde outrora se produzia café de qualidade e não somente nela, surgiram as primeiras favelas em virtude da transformação das lavouras cafeeiras em pastagens. Tal transformação reduziu sensivelmente à oferta de empregos a época.

      

 

·       Referências bibliográficas: 

 

1-  Lacerda, Antônio Correa et al. Economia Brasileira. São Paulo.  Editora Saraiva 2000.

 

 


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