Por Alcimar das Chagas Ribeiro
Uma reflexão sobre os desequilíbrios econômicos no país e seus desdobramentos
Como ponto de partida vamos considerar a evolução da produção industrial no país que caiu 0,7% em agosto com base em julho. Esse trimestre corrente (junho, julho, agosto), não conseguiu gerar taxas de crescimento positivas para a atividade industrial. Especialmente em agosto, os setores farmacêutico, informática e eletrônicos, coque e derivados de petróleo, móveis, celulose e papel e fumo, foram os responsáveis pela debilidade da atividade industrial.
Importante observar que passado o momento crítico da pandemia com o pico da segunda onda no final de abril, o início e avanço da vacinação geraram expectativas positivas dirigidas para um quadro diferente. Entretanto, isso não ocorreu e à medida que o quadro pandêmico ia melhorando, a atividade industrial ia se deteriorando, como mostra o gráfico a seguir.
Diversos fatores podem explicar esse quadro. Mesmo com um panorama otimista em relação a pandemia, os seus reflexos não estancam imediatamente. Hoje podemos observar muitas dificuldades na oferta de insumos industriais, tanto nacionais, quanto internacionais. A redução da oferta encarece os preços que aumenta a inflação, enquanto na outra ponta enfraquece a estrutura produtiva. Esse processo alimenta o desequilíbrio econômico, por se tratar de uma crise sistêmica.
É importante entender que os reflexos da pandemia extrapolam muros e se somam a outros obstáculos como os vividos pelas consequências do desequilíbrio ambiental (secas duradouras, enchentes descontroladas, queimadas de florestas sem controle, dentre outros), cujos impactos pressionam terrivelmente a produção de alimentos e insumos industriais importantes.
Se esses elementos representam gargalos fundamentais do lado da oferta agregada, do lado da demanda, as dificuldades também são bastante agudas. Aqui podemos considerar a ampliação da desigualdade com o aumento do abismo de renda entre consumidores; o desemprego em alta escala e a exclusão de parte da humanidade ao acesso a comida, como reflexos da pandemia que exigiu a proteção da vida, sem que as condições fundamentais ao afastamento das rotinas econômicas fossem providenciadas em um nível adequado mundo a fora.
Infelizmente esse quadro não guarda coincidência temporal com a expectativa de encolhimento da pressão imposta pela crise sanitária. Ações eficientes e bem planejadas por governantes locais, regionais e nacionais, são de extrema necessidade para agilizar o processo de busca para um melhor equilíbrio, onde uma condição mais digna de bem estar socioeconômico possa ser alcançada.
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