O tempo dos sem tempo
Vive-se,
na atual conjuntura, numa sociedade em que as pessoas estão, categoricamente,
sem tempo para dar atenção ao seu semelhante. Inclusive aos seus próprios
familiares. Tornou-se uma coisa fugaz as relações entre elas de um modo geral.
Ninguém tem tempo para ninguém no mundo presencial. As pessoas adormecem e
acordam ligadas ao seu inseparável celular, que virou, no caso da maior parte
dos seres humanos, o amigo inseparável. Afinal de contas há gosto para tudo.
Este
modo de vida vem ocorrendo, em virtude, obviamente, da correria produzida pelo
mundo contemporâneo fermentado pela tecnologia das redes sociais, cujo intuito
seria o de melhorar as relações sociais. No entanto, o seu uso distorcido,
acabou por gerar um problema psiquiátrico, um vazio humano, um excesso de
materialismo e, como consequência, crescentes problemas emocionais como, à
guisa de exemplo, a infernal depressão, doença que vem matando dia a dia algumas
pessoas, que se utilizam das redes sociais de forma desregrada.
Este
fato atinge, especialmente, a juventude que não consegue mais tempo entre a
juventude, de articular uma boa conversa. Àquela em que se perdem horas
construindo uma grande amizade ou cultivando-a. Até porque, nesses tempos
bicudos, a palavra tempo tornou-se exígua na praça, ou no mercado, para se usar
uma expressão da modernidade.
A regra, doravante, se transformou nas ilusões
das postagens, seja a do Facebook, seja a do Instagram, seja a do Twiter, seja
a do Whatsapp ou de outras redes do ramo. As conversas passam obrigatoriamente por
essas mídias. Perdeu-se a capacidade da interface entre as pessoas, o olho no
olho. Se alguém faz aniversário, manda-se uma mensagem, se alguém faleceu,
também envia-se uma comunicação online de condolências. Na verdade, instituiu-se
uma nova forma de as pessoas se relacionarem. Se é bom ou ruim, ainda não se
sabe. Os estudos dos especialistas estão em processo de amadurecimento.
O
que se tem conhecimento, efetivamente, sobre os resultados de algumas pesquisas
de psicólogos e de outros profissionais da área médica acerca sobre do
crescente diagnóstico da doença da depressão, que tomou conta da imensa maioria
da sociedade mundial, acompanhada de índices alarmantes de suicídios. Segundo os
estudos desses profissionais, as pessoas estão mais vazias, sem perspectivas no
seu campo de trabalho.
Os
relacionamentos a cada dia pioram e elas ficam mais ausentes do seu mundo real.
Ligadas inteiramente nas fotografias das redes socais, espiando o que o outro
está fazendo. De certa forma, esse comportamento se revela numa falta extremada
de sintonia consigo mesmo, ampliando, por sua vez, o vazio interno e, o pior, o
sofrimento da alma.
Acho
que a sociedade grita por socorro. Só que, dentro desse contexto, dificilmente,
encontrará eco no seu alarido, em razão da grande maioria dos seres humanos
estarem indiferentes ao sofrimento alheio e imersos nos acontecimentos rasos da
rede social. E o tempo para dar atenção ao outro? Ah! Infelizmente, vive-se no
tempo dos sem tempo.
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