domingo, 16 de julho de 2017

NOSSO ARTIGO ESCRITO COM O PROFESSOR JOSÉ LUIS VIANNA DA CRUZ



PARA UM DIÁLOGO COM O GOVERNO MUNICIPAL

Escrevemos este artigo com o espírito de quem não só torce como quer contribuir para tudo dar certo, através da opinião independente e qualificada. A crise no orçamento municipal é real e é grave. Grave demais para ser enfrentada pelo Governo somente. É preciso pactuar com os diversos segmentos sociais, principalmente os que mais perdem, que são os grupos mais pobres. A definição de prioridades tem que ser social, econômica, política e, nos casos de crise, acima de tudo humanista. Ela não é tão óbvia, envolve pontos de vista, interesses e valores. Daí porque gera tanta polêmica. Onde cortar? Quanto cortar? Onde investir? Quanto investir? Ou seja, para quem deve ser direcionado o Orçamento? Na definição de prioridades entra, de um lado, a força do povo e, e de outro, a força da influência financeira, econômica, social e política da classe média e das elites; aí o povo perde de lavada. Se a crise exige sacrifício, como deve ser esse sacrifício/ Seguem os valores aproximados, em reais, de alguns itens do Orçamento de Campos.
Deficit mensal da Prefeitura: aproximadamente 34 milhões
Despesas. Câmara de Vereadores (25 vereadores): em torno de 32 milhões
Servidores Municipais (em torno de 20 mil pessoas): cerca de 550 milhões
Programas Sociais (200 mil pessoas): 34 milhões (30 da Prefeitura; 4 do Governo federal)
Alguns recursos que a Prefeitura tem a receber. Dívida Ativa (total do que é devido à Prefeitura): próximo de 554 milhões.
FUNDECAM (dívida a receber): mais de 150 milhões  
Diante disso, onde cortaram mais? Nos programas sociais. E as outras despesas? E as fontes de receita? Boas medidas seriam um REFIS bem desenhado, que a Prefeitura já está cuidando; uma contribuição da Câmara de Vereadores cortando mais gastos; um novo corte de cargos comissionados e terceirizados, fora das áreas estratégicas. Que tal implantar o IPTU progressivo, previsto no Plano Diretor? Façam as contas e verão que podem dispensar os cortes nos programas sociais. Uns dizem: “em Campos só não tem emprego quem não quer?” Ora, até as pedras sabem que o país, o estado e o município estão em crise; estamos no maior nível de desemprego das últimas décadas. A cana desempregou mais de 10 mil, só nos últimos 20 anos; o petróleo está desempregando. O Açu emprega 4 mil, o mesmo que os assentamentos de reforma agrária de Campos. As cooperativas de catadores podem empregar 500 pessoas. Outros dizem: “o que as políticas públicas trouxeram de bom?” Ora, leiam as pesquisas, visitem as famílias, conversem com os comerciantes. Elas deram um grande impulso ao comércio e serviços, através do consumo das famílias, gerando emprego e renda. Portanto, deu resultado econômico, além do social. Na verdade, a crise exige que os sacrifícios sejam orientados pela solidariedade. Quais os sacrifícios que a classe média e as elites estão dispostas a fazer? É mais fácil gerar fome e miséria do que praticar solidariedade? Não dá para aceitar cortes sem negociação. Garanto que o povo aceitaria parte do sacrifício, e teria ideias ótimas, como em Quissamã, com a prefeita Fátima. Cada um é que sabe onde dói o calo! Precisamos de Humanismo e Solidariedade para contrabalançar a “fria e insensível” lógica tecnocrática dos números, com base em valores privados, de mercado!
José Luis Vianna da Cruz
José Alves de Azevedo Neto

PUBLICADO NO JORNAL TERCEIRA VIA-16/07/2017 


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